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Inteligência Artificial na Educação: A Urgência de Formar Professores e Estudantes para o Futuro



A inteligência artificial (IA) já não é mais uma promessa distante no campo educacional, ela está presente nas salas de aula, nas plataformas de ensino, nos planejamentos pedagógicos e, cada vez mais, nas práticas cotidianas de professores e estudantes. No entanto, essa presença crescente também evidencia um grande desafio: o preparo efetivo dos profissionais da educação para integrar, com consciência crítica e responsabilidade, essas novas tecnologias ao processo de ensino-aprendizagem.

O termo "inteligência artificial" foi cunhado por John McCarthy em 1955, quando propôs o "Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence", realizado no verão de 1956 no Dartmouth College, nos Estados Unidos. Esse evento é considerado o marco inicial da IA como campo de estudo formal

Recentemente, uma pesquisa do Instituto Significare e a UTFPR envolvendo 346 professores de todas as regiões do Brasil revelou que, embora a maioria tenha conhecimento básico sobre IA, apenas uma parcela reduzida consegue utilizá-la de forma avançada no dia a dia escolar. Isso mostra uma lacuna significativa entre o acesso à informação e a real apropriação pedagógica dessas ferramentas. É necessário ir além do simples uso instrumental e promover uma formação que contemple aspectos técnicos, éticos e pedagógicos.

O impacto da IA no planejamento pedagógico já é perceptível. No relato apresentado acerca da pesquisa anterior, mais de 60% dos docentes afirmam utilizar ferramentas generativas — como chatbots e assistentes de escrita — para elaboração de planos de aula e criação de atividades. No entanto, o número de professores que de fato transformam esses recursos em materiais didáticos estruturados ainda é pequeno. A transição do uso experimental para a prática consolidada depende, sobretudo, de formação continuada e de políticas públicas comprometidas com essa nova realidade.

Além das competências técnicas, é preciso enfatizar o desenvolvimento de uma postura crítica frente ao uso da IA. A formação de professores deve abordar não apenas como usar as ferramentas, mas também quando e por que utilizá-las. Questões como viés algorítmico, privacidade de dados, dependência tecnológica e equidade no acesso precisam ser discutidas com seriedade nas formações docentes.

Outro ponto relevante é o papel do professor como mediador no processo de letramento digital e ético dos estudantes. Ensinar os estudantes a usarem a IA de forma responsável, compreender seus limites e potenciais, e desenvolver uma visão crítica sobre o conteúdo gerado por essas ferramentas é essencial. Segundo o levantamento abordado durante a Feira da Bett Brasil 2025, mais de 78% dos educadores reconhecem a importância de incluir o debate ético no currículo, evidenciando a necessidade de um projeto pedagógico que vá além da técnica.

Os desafios estruturais também não podem ser ignorados. A falta de conectividade, a escassez de equipamentos e a ausência de suporte técnico foram apontados como grandes entraves para o avanço da IA nas escolas, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Isso mostra que, sem equidade no acesso à tecnologia, há o risco de ampliar ainda mais as desigualdades educacionais já existentes.

Dados internacionais reforçam essa tendência. Relatórios da UNESCO e da OCDE vêm apontando que, embora a IA tenha o potencial de personalizar a aprendizagem, apoiar estudantes com dificuldades e liberar tempo para atividades mais criativas, seu impacto positivo só será sentido plenamente se houver um investimento consistente na formação de professores e na infraestrutura escolar.

Portanto, é urgente que gestores, redes de ensino e instituições de formação inicial e continuada compreendam que preparar professores para o uso da IA não é um luxo, mas uma necessidade estratégica. Trata-se de garantir que a escola acompanhe as transformações da sociedade e forme cidadãos capazes de atuar de forma ética, criativa e consciente em um mundo cada vez mais automatizado.

O avanço da IA na educação é inevitável. Mas seu sucesso depende, fundamentalmente, da ação humana. É o olhar sensível do educador, sua capacidade de adaptação, crítica e inovação, que dará sentido ao uso dessas ferramentas. Formar professores e estudantes para essa nova era é, mais do que nunca, uma missão coletiva e inadiável.

 

REFERÊNCIAS


Dartmouth College. Artificial Intelligence (AI) Coined at Dartmouth. Disponível em: https://home.dartmouth.edu/about/artificial-intelligence-ai-coined-dartmouth. Acesso em: 9 maio 2025.


EDUCAUSE. 2023 Horizon report: teaching and learning edition. Louisville: EDUCAUSE, 2023. Disponível em: https://library.educause.edu/resources/2023/4/2023-educause-horizon-report-teaching-and-learning-edition. Acesso em: 9 maio 2025.


INSTITUTO SIGNIFICARE; UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR). Pesquisa sobre o uso de Inteligência Artificial na Educação Básica. Apresentada no evento Bett Brasil 2025. São Paulo, 2025.


MICROSOFT; LINKEDIN. 2023 Work trend index: will AI fix work?. Redmond: Microsoft, 2023. Disponível em: https://www.microsoft.com/en-us/worklab/work-trend-index. Acesso em: 9 maio 2025.


ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). AI and the future of skills: capabilities and assessments. Paris: OECD Publishing, 2021. Disponível em: https://www.oecd.org/publications/ai-and-the-future-of-skills-5eee26c4-en.htm. Acesso em: 9 maio 2025.


UNESCO. Orientações sobre IA generativa na educação e na pesquisa. Paris: UNESCO, 2023. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386306. Acesso em: 9 maio 2025.

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